Fazenda Araponga é referência na divulgação do Nelore com marmoreio

Por Mara Ramos

Publicado na Revista Nelore em 04/03/2021

No dia 29 de janeiro a Fazenda Araponga abriu novamente as porteiras para receber cerca de 100 criadores e técnicos de várias partes do Brasil para o seu 3º. Dia de Campo. O criador Shiro Nishimura, juntamente com a filha Elisa e o genro Roberto Aguiar receberam os convidados para mais um evento com muita informação técnica e avaliação da evolução do projeto Nelore com Marmoreio, desenvolvido na fazenda.

O entusiasmo de Nishimura em compartilhar o conhecimento e a tecnologia da Ultrassonografia como ferramenta fundamental para a evolução da carcaça Nelore, não deixou dúvidas sobre os principais objetivos do evento: difusão de conhecimento e ampliação do número de criadores no uso da ferramenta. “Quanto mais os criadores de genética investirem nesse modelo de seleção, melhor para o criador comercial que começa a desejar esse perfil de animal na hora de fazer a reposição de touros”, afirmou.

A Fazenda Araponga utiliza a ultrassonografia de carcaça como critério de seleção desde 2013. O mapeamento de toda a safra de animais ao sobreano possibilita maximizar os acasalamentos que geraram os indivíduos mais equilibrados por dentro, aumentando a cada ano a frequência de touros e novilhas superiores para eficiência e qualidade da carne.

Segundo Liliane Suguisawa, diretora da DGT Brasil, que desenvolve o programa de ultrassonografia com o uso do Software BIA, com a herdabilidade das características em níveis de moderada a alta, o impacto do foco nas mesmas é duas vezes mais rápido que do peso, por exemplo. “A importância destas medidas é que elas melhoram diretamente o rendimento de carcaça, a precocidade sexual e de abate além da maciez da carne, aliada aos índices econômicos e qualitativos da pecuária de corte”, afirmou.

O Dia de Campo contou com a palestra do veterinário Fábio Schuler Medeiros, que é superintendente da CooperAliança, de Guarapuava, PR, tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e é doutor em qualidade de Carne pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Com uma vasta experiência na divulgação da carne brasileira para o mercado internacional, Schuler ressaltou que o projeto para melhoria da carcaça Nelore é muito importante no atual contexto, pois o Brasil vive um período de grande crescimento dos rebanhos e da demanda, especialmente no mercado externo. “Todo pecuarista que trabalha com cruzamento usa uma matriz Nelore e quem não usa, não está mais no negócio. Em nome da alta produtividade ocorreram muitos erros que trouxeram falta de padronização, projetos sem conexão com o mercado, manejo sem respeito das diferenças entre raças e uma série de ações que colocaram a carne brasileira num patamar de commodities para o mercado externo. Existe um mundo de oportunidades para a carne brasileira e o setor precisa entender isso”, enfatizou.

Para o executivo, que também é criador, os cruzamentos precisam ter foco no mercado e o Brasil tem tudo para estabelecer sistemas de produção para carnes “Super Premium”, “Premium”, “Commodities de qualidade” e “Refugo”. “Essas classificações permitem ao pecuarista escolher em qual tipo de produção quer atuar e direcionar o seu rebanho para isso. Temos o maior rebanho comercial do mundo, com 213 milhões de cabeças que produzem 10 milhões de toneladas por ano. Por outro lado, os EUA que tem 94 milhões de cabeças produzem 12,3 milhões de toneladas ano. Só essa comparação já deixa clara nossa necessidade de evolução em termos de genética” afirmou.

Ainda assim, segundo informou, o Brasil nunca exportou tanto. “O Brasil vende mal a sua carne. Temos uma produção sustentável e isso precisa estar claro para o comprador, especialmente lá fora. Para se ter uma ideia, de 1990 até 2017, o Brasil aumentou sua produção agrícola em 146%, preservando 61% de sua vegetação nativa. Mas o mercado externo observa e aponta, por exemplo, que apesar dos 90% da produção à pasto, a criação de vacas não contém nenhum escore zootécnico. Sem esse tipo de cuidado nunca seremos um país produtor de carne premium, ainda que em 2020 o Brasil tenha sido responsável por 40% da oferta mundial de carne”, analisou.

Schuler também apontou algumas tendências que devem ser levadas em conta pela cadeia pecuária. “O consumidor mudou e exige do mercado transparência em suas relações e formas de produção. Por outro lado, há um forte crescimento da opção por alimentos alternativos; as crianças influenciam os hábitos das famílias; as pessoas querem viver em sintonia com seu corpo e seu mundo; há uma busca por sabores de todo o mundo, assim como a busca pela sofisticação; e ainda tem as inúmeras opções de carnes vegetais nas prateleiras dos supermercados. Quem quer manter seu negócio, precisa atentar para essas tendências”, explicou.

Para o veterinário, projetos como o da Fazenda Araponga e outros que fazem parte da Confraria da Carcaça Nelore são muito promissores. “Nunca vi nada parecido com esse projeto. Há um grande potencial para os criadores que apostarem em melhoria genética para aumentar essas características no rebanho e investirem na produção de nicho. O mundo está ávido por carnes especiais. O sabor dessa carne que experimentei aqui é incomparável”, afirmou.

Liliane Suguisawa, que também falou aos presentes, destacou que hoje os projetos como os da Fazenda Araponga se destacam no cenário nacional por ofertar ao mercado quantidades significativas de touros positivos para todas as características de ultrassonografia (AOL, AOL/100, EGS e MAR). “Inclusive muitos destes testados para CAR negativo em provas da Embrapa e IZ, essa é uma avaliação importante para gerar rebanhos mais eficientes em condições de pasto. Este resultado é coletado da seleção pelo equilíbrio de todas as medidas de ultrassonografia de carcaça, combinado com as avaliações genéticas, funcionalidade à campo e raça”, explicou.

Safra em avaliação

A safra 2018, que esteve em exposição no Dia de Campo surpreendeu os técnicos do programa da Fazenda Araponga. Segundo Fernando Manzutti, veterinário responsável pelos acasalamentos, os resultados foram surpreendentes, com aumentos em todos os índices.

Esse ano todos os animais foram colocados num único sistema de trato. “O Roberto Aguiar criou um programa de trato único, inclusive para os animais destinados ao abate por não terem bons índices. Já era esperada uma queda de peso na média geral, que de fato aconteceu, mas a grande surpresa foi que os animais selecionados melhoraram seus índices em todas as medidas de AOL, EGS e MAR”, explicou Manzutti.

Por outro lado, essa safra ainda contou com animais que bateram recordes em AOL, praticamente dobrando o número de indivíduos com AOL/100. A safra ainda melhorou a média da conformação frigorífica, o que gerou maior disponibilidade de touros a serem ofertados nos leilões deste ano, podendo chegar a um total de 150 animais, segundo informou o veterinário.

Em sua avaliação Shiro Nishimura disse que o evento superou as expectativas em todos os sentidos. “Havia uma grande preocupação com o número de participantes e essa foi uma grata surpresa para nós. Além dos criadores da nossa região e de vários outros estados, também tivemos a presença de representantes de frigoríficos e centrais de inseminação, o que não é comum nesse tipo de evento. Isso reflete o interesse do mercado por essa genética de qualidade”, avaliou.

Para o pecuarista, quando toda a cadeia de produção começa a se interessar por um sistema de criação, é porque esse sistema oferece diferenciais para o mercado. “A Confraria e os projetos de carcaça Nelore de qualidade vem ganhando cada dia mais espaço e o mercado está atento. É hora de divulgar essa genética e aumentar a adesão dos criadores comerciais para a produção da carne de alto padrão que o Brasil já sabe fazer”, finalizou.

Como já é uma tradição em seus eventos, o criador serviu aos convidados um churrasco de animais produzidos na Fazenda Araponga e abatidos especialmente para o evento. “O entendimento e o convencimento vêm quando se prova a carne de qualidade. Quem experimenta, aprova”, afirmou.

Confira a matéria publicada na Revista Nelore AQUI.

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